Por Regina Barros
SONHO
Em plena maturidade a Maternidade José Varela passa por uma séria crise
existencial. Criada no dia 25 de dezembro de 1947 pelo então prefeito
João Fernandes de Melo, sessenta anos depois, a sua sobrevivência está
nas mãos do prefeito Kerginaldo Pinto. Durante muitos anos ela cumpriu a
missão idealizada pelo seu fundador, desenvolvendo atividades em favor
da maternidade, da infância e da vida. Agora está gravemente enferma e
com os dias contados para fechar as portas. Na avaliação dos dirigentes,
apenas a municipalização pode salvá-la do fim.
Numa época em que os
recursos eram escassos a maternidade foi construída com verbas do
tesouro municipal no bairro do Valadão. Contam que o prefeito João Melo
acompanhava de perto cada tijolo colocado. Inteligente, com visão ampla
do futuro, criou a Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de
Macau (APAMI) envolvendo pessoas da comunidade. Sob a orientação do
Ministério da Educação e Saúde, guarda como princípios “zelar pela
saúde, bem estar e as necessidades da infância, puericultura e serviços
sociais, sob os auspícios do corpo médico, celebrando convênios,
particularmente com a Prefeitura Municipal, no sentido de promover em
todo o município o amparo à maternidade e à infância”. Esse era o sonho
de João Melo que a população macauense no final dos anos 40 recebeu como
presente de Natal.
TRADIÇÃO
Contando com diversos
profissionais que se doaram ao longo dos anos, a Maternidade José Varela
tem muita história bonita para contar. Muitas vidas chegaram ao mundo
graças ao esforço coletivo de médicos, parteiras, enfermeiras,
auxiliares, bioquímicos, vigilantes, que levaram adiante a missão
traçada por João Melo. Tornou-se referência em toda a região sendo
reconhecida até pelo UNICEF pela boa qualidade do atendimento.
Atravessou bons e maus momentos, sempre dependendo das verbas públicas e
esta não é a primeira crise que a atinge. Superou muitas dificuldades.
Em 1982 quase foi leiloada. No dia 16 de julho de 1982, o médico José
Antonio Menezes, filho de Macau, ainda bem jovem assumiu a presidência
da APAMI e conduz até hoje os destinos da Maternidade.
As mudanças
no sistema público de saúde que reduziu drasticamente as autorizações de
internação estabelecendo um teto financeiro, além da irregularidade no
repasse dos convênios nos últimos anos e a escassez de médicos, são
apontadas como fatores determinantes da crise que minou a saúde da mais
tradicional casa de parto da região.
Situação semelhante vem acontecendo
com outras associações no Rio Grande do Norte. Atualmente a
Maternidade, com 30 leitos, sobrevive com parcos recursos do SUS e um
pequeno repasse da Prefeitura de Macau, que somados não chegam a 40 mil
reais. A estrutura antiga está comprometida e condenada pela vigilância
sanitária que exige adequações. Os vinte e dois funcionários ainda não
viram a cor do salário este ano. Nesta semana a CAERN determinou o corte
do fornecimento de água, o débito ultrapassa 6 mil reais. Não há mais
onde buscar recursos, pois o governo do Estado até aqui não demonstrou
interesse em colaborar.
ESPERANÇA
Antes mesmo de assumir o
governo o prefeito Kerginaldo Pinto visitou a Maternidade José Varela,
foi recebido pela atual presidente da APAMI, Terezinha Menezes, sendo
informado sobre a gravidade da situação. Ficou sensibilizado, disse que
nasceu naquela casa e reconhece a sua importância histórica e social.
Confirmou o interesse de municipalizá-la garantindo que buscaria
respaldo jurídico para deflagrar o processo. Terezinha não vê outra
forma de salvar a instituição, adiantando que o corpo diretivo não
colocará nenhum obstáculo para transferir a associação para a
municipalidade.
Enquanto isso, diversos segmentos da sociedade
(Lions Clube, Maçonaria, CDL) se organizam em defesa da Maternidade.
Quarta feira passada uma comissão de mulheres formada pela professora
Vilma Pinheiro (APAMI), Zulmira Câmara (auxiliar de enfermagem na
maternidade) e vereadoras Magali Marcelino e Geruza Fonsêca
(representando o legislativo municipal) tiveram uma audiência com a
Secretária Municipal de Saúde, Denise Aragão com quem conversaram sobre a
crise e a possibilidade de municipalização. A secretária informou que
já visitou a maternidade e reconhece a sua importância para a cidade.
Ela acredita que, municipalizada, poderá progressivamente ser
transformada num centro multidisciplinar de saúde da mulher,
contemplando desde o nascimento ao envelhecimento. “Quem defende a vida
não pode deixar de defender a maternidade”, enfatizou. “Demos um
primeiro passo, vamos conversar com o prefeito e o departamento jurídico
para formalizar o processo. Tenho certeza que vai dar certo”, afirmou
Denise Aragão, acendendo a esperança de que a crise pode ser superada e
que o atual prefeito poderá resgatar o sonho antigo de João Melo
garantindo a presença da Maternidade José Varela por incontáveis futuras
gerações.
Fonte: https://www.facebook.com/groups/cybermacau/permalink/590476247653771/
Em plena maturidade a Maternidade José Varela passa por uma séria crise
existencial. Criada no dia 25 de dezembro de 1947 pelo então prefeito
João Fernandes de Melo, sessenta anos depois, a sua sobrevivência está
nas mãos do prefeito Kerginaldo Pinto. Durante muitos anos ela cumpriu a
missão idealizada pelo seu fundador, desenvolvendo atividades em favor
da maternidade, da infância e da vida. Agora está gravemente enferma e
com os dias contados para fechar as portas. Na avaliação dos dirigentes,
apenas a municipalização pode salvá-la do fim.
Numa época em que os recursos eram escassos a maternidade foi construída com verbas do tesouro municipal no bairro do Valadão. Contam que o prefeito João Melo acompanhava de perto cada tijolo colocado. Inteligente, com visão ampla do futuro, criou a Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Macau (APAMI) envolvendo pessoas da comunidade. Sob a orientação do Ministério da Educação e Saúde, guarda como princípios “zelar pela saúde, bem estar e as necessidades da infância, puericultura e serviços sociais, sob os auspícios do corpo médico, celebrando convênios, particularmente com a Prefeitura Municipal, no sentido de promover em todo o município o amparo à maternidade e à infância”. Esse era o sonho de João Melo que a população macauense no final dos anos 40 recebeu como presente de Natal.
TRADIÇÃO
Contando com diversos
profissionais que se doaram ao longo dos anos, a Maternidade José Varela
tem muita história bonita para contar. Muitas vidas chegaram ao mundo
graças ao esforço coletivo de médicos, parteiras, enfermeiras,
auxiliares, bioquímicos, vigilantes, que levaram adiante a missão
traçada por João Melo. Tornou-se referência em toda a região sendo
reconhecida até pelo UNICEF pela boa qualidade do atendimento.
Atravessou bons e maus momentos, sempre dependendo das verbas públicas e
esta não é a primeira crise que a atinge. Superou muitas dificuldades.
Em 1982 quase foi leiloada. No dia 16 de julho de 1982, o médico José
Antonio Menezes, filho de Macau, ainda bem jovem assumiu a presidência
da APAMI e conduz até hoje os destinos da Maternidade.
As mudanças
no sistema público de saúde que reduziu drasticamente as autorizações de
internação estabelecendo um teto financeiro, além da irregularidade no
repasse dos convênios nos últimos anos e a escassez de médicos, são
apontadas como fatores determinantes da crise que minou a saúde da mais
tradicional casa de parto da região.
Situação semelhante vem acontecendo
com outras associações no Rio Grande do Norte. Atualmente a
Maternidade, com 30 leitos, sobrevive com parcos recursos do SUS e um
pequeno repasse da Prefeitura de Macau, que somados não chegam a 40 mil
reais. A estrutura antiga está comprometida e condenada pela vigilância
sanitária que exige adequações. Os vinte e dois funcionários ainda não
viram a cor do salário este ano. Nesta semana a CAERN determinou o corte
do fornecimento de água, o débito ultrapassa 6 mil reais. Não há mais
onde buscar recursos, pois o governo do Estado até aqui não demonstrou
interesse em colaborar.
ESPERANÇA
Antes mesmo de assumir o
governo o prefeito Kerginaldo Pinto visitou a Maternidade José Varela,
foi recebido pela atual presidente da APAMI, Terezinha Menezes, sendo
informado sobre a gravidade da situação. Ficou sensibilizado, disse que
nasceu naquela casa e reconhece a sua importância histórica e social.
Confirmou o interesse de municipalizá-la garantindo que buscaria
respaldo jurídico para deflagrar o processo. Terezinha não vê outra
forma de salvar a instituição, adiantando que o corpo diretivo não
colocará nenhum obstáculo para transferir a associação para a
municipalidade.
Enquanto isso, diversos segmentos da sociedade
(Lions Clube, Maçonaria, CDL) se organizam em defesa da Maternidade.
Quarta feira passada uma comissão de mulheres formada pela professora
Vilma Pinheiro (APAMI), Zulmira Câmara (auxiliar de enfermagem na
maternidade) e vereadoras Magali Marcelino e Geruza Fonsêca
(representando o legislativo municipal) tiveram uma audiência com a
Secretária Municipal de Saúde, Denise Aragão com quem conversaram sobre a
crise e a possibilidade de municipalização. A secretária informou que
já visitou a maternidade e reconhece a sua importância para a cidade.
Ela acredita que, municipalizada, poderá progressivamente ser
transformada num centro multidisciplinar de saúde da mulher,
contemplando desde o nascimento ao envelhecimento. “Quem defende a vida
não pode deixar de defender a maternidade”, enfatizou. “Demos um
primeiro passo, vamos conversar com o prefeito e o departamento jurídico
para formalizar o processo. Tenho certeza que vai dar certo”, afirmou
Denise Aragão, acendendo a esperança de que a crise pode ser superada e
que o atual prefeito poderá resgatar o sonho antigo de João Melo
garantindo a presença da Maternidade José Varela por incontáveis futuras
gerações.
Fonte: https://www.facebook.com/groups/cybermacau/permalink/590476247653771/
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