segunda-feira, 20 de maio de 2013

#Macau: MATERNIDADE JOSÉ VARELA ENFRENTA A MAIOR CRISE DA SUA HISTÓRIA

 
 
 
Por Regina Barros
SONHO

Em plena maturidade a Maternidade José Varela passa por uma séria crise existencial. Criada no dia 25 de dezembro de 1947 pelo então prefeito João Fernandes de Melo, sessenta anos depois, a sua sobrevivência está nas mãos do prefeito Kerginaldo Pinto. Durante muitos anos ela cumpriu a missão idealizada pelo seu fundador, desenvolvendo atividades em favor da maternidade, da infância e da vida. Agora está gravemente enferma e com os dias contados para fechar as portas. Na avaliação dos dirigentes, apenas a municipalização pode salvá-la do fim.

Numa época em que os recursos eram escassos a maternidade foi construída com verbas do tesouro municipal no bairro do Valadão. Contam que o prefeito João Melo acompanhava de perto cada tijolo colocado. Inteligente, com visão ampla do futuro, criou a Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Macau (APAMI) envolvendo pessoas da comunidade. Sob a orientação do Ministério da Educação e Saúde, guarda como princípios “zelar pela saúde, bem estar e as necessidades da infância, puericultura e serviços sociais, sob os auspícios do corpo médico, celebrando convênios, particularmente com a Prefeitura Municipal, no sentido de promover em todo o município o amparo à maternidade e à infância”. Esse era o sonho de João Melo que a população macauense no final dos anos 40 recebeu como presente de Natal.

TRADIÇÃO

Contando com diversos profissionais que se doaram ao longo dos anos, a Maternidade José Varela tem muita história bonita para contar. Muitas vidas chegaram ao mundo graças ao esforço coletivo de médicos, parteiras, enfermeiras, auxiliares, bioquímicos, vigilantes, que levaram adiante a missão traçada por João Melo. Tornou-se referência em toda a região sendo reconhecida até pelo UNICEF pela boa qualidade do atendimento. Atravessou bons e maus momentos, sempre dependendo das verbas públicas e esta não é a primeira crise que a atinge. Superou muitas dificuldades. Em 1982 quase foi leiloada. No dia 16 de julho de 1982, o médico José Antonio Menezes, filho de Macau, ainda bem jovem assumiu a presidência da APAMI e conduz até hoje os destinos da Maternidade.

As mudanças no sistema público de saúde que reduziu drasticamente as autorizações de internação estabelecendo um teto financeiro, além da irregularidade no repasse dos convênios nos últimos anos e a escassez de médicos, são apontadas como fatores determinantes da crise que minou a saúde da mais tradicional casa de parto da região.
 
 Situação semelhante vem acontecendo com outras associações no Rio Grande do Norte. Atualmente a Maternidade, com 30 leitos, sobrevive com parcos recursos do SUS e um pequeno repasse da Prefeitura de Macau, que somados não chegam a 40 mil reais. A estrutura antiga está comprometida e condenada pela vigilância sanitária que exige adequações. Os vinte e dois funcionários ainda não viram a cor do salário este ano. Nesta semana a CAERN determinou o corte do fornecimento de água, o débito ultrapassa 6 mil reais. Não há mais onde buscar recursos, pois o governo do Estado até aqui não demonstrou interesse em colaborar.

ESPERANÇA

Antes mesmo de assumir o governo o prefeito Kerginaldo Pinto visitou a Maternidade José Varela, foi recebido pela atual presidente da APAMI, Terezinha Menezes, sendo informado sobre a gravidade da situação. Ficou sensibilizado, disse que nasceu naquela casa e reconhece a sua importância histórica e social. Confirmou o interesse de municipalizá-la garantindo que buscaria respaldo jurídico para deflagrar o processo. Terezinha não vê outra forma de salvar a instituição, adiantando que o corpo diretivo não colocará nenhum obstáculo para transferir a associação para a municipalidade. 

Enquanto isso, diversos segmentos da sociedade (Lions Clube, Maçonaria, CDL) se organizam em defesa da Maternidade. Quarta feira passada uma comissão de mulheres formada pela professora Vilma Pinheiro (APAMI), Zulmira Câmara (auxiliar de enfermagem na maternidade) e vereadoras Magali Marcelino e Geruza Fonsêca (representando o legislativo municipal) tiveram uma audiência com a Secretária Municipal de Saúde, Denise Aragão com quem conversaram sobre a crise e a possibilidade de municipalização. A secretária informou que já visitou a maternidade e reconhece a sua importância para a cidade. Ela acredita que, municipalizada, poderá progressivamente ser transformada num centro multidisciplinar de saúde da mulher, contemplando desde o nascimento ao envelhecimento. “Quem defende a vida não pode deixar de defender a maternidade”, enfatizou. “Demos um primeiro passo, vamos conversar com o prefeito e o departamento jurídico para formalizar o processo. Tenho certeza que vai dar certo”, afirmou Denise Aragão, acendendo a esperança de que a crise pode ser superada e que o atual prefeito poderá resgatar o sonho antigo de João Melo garantindo a presença da Maternidade José Varela por incontáveis futuras gerações.
 
Fonte:  https://www.facebook.com/groups/cybermacau/permalink/590476247653771/
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário